Você costuma sentir fortes pontadas nos calcanhares? Estas dores aparecem, logo pela manhã, quando você se levanta, ao andar ou depois de praticar alguma atividade física? 

Estes são alguns dos sintomas comuns de uma condição conhecida como fascite plantar (ou fasceíte plantar, outro termo também correto).

O que é fascite plantar

Fascite plantar é o nome dado ao processo inflamatório da fáscia plantar. 

Formada por uma larga faixa de tecido conjuntivo fibroso, pouco elástico, a fáscia plantar é uma estrutura que recobre a planta do pé, conectando os dedos ao osso do calcanhar.

Ela tem a função de dar suporte ao arco plantar, amortecendo e distribuindo os impactos aos quais esta estrutura é submetida durante o apoio e a marcha.

A prática de algumas atividades, o uso de certos calçados e algumas características anatômicas, como encurtamentos musculares do indivíduo, aumentam a tensão sobre a fáscia plantar. Este aumento de tensão pode favorecer o surgimento de pequenas lesões nesta estrutura, provocando a fascite plantar. 

Quais são os sintomas

A fascite plantar é caracterizada, principalmente, por dores agudas, com sensações de fincadas, no calcanhar. Estas dores, normalmente, se mostram mais intensas de manhã, nas primeiras pisadas do dia, e vão diminuindo com o passar das horas. No entanto, podem voltar em outros momentos do dia, principalmente após longos períodos em pé ou depois da prática de algumas atividades que submetem a fáscia a maiores tensões, como saltos e corridas, por exemplo. 

Quais são as causas e fatores de risco para a fascite plantar

As causas da fasceíte plantar ainda não foram completamente elucidadas porém acredita-se que seja multifatorial. Alguns fatores de risco potencialmente associados são:

  1. Pés excessivamente planos ou cavos. A anatomia do pés influencia a maneira como o peso do corpo é distribuído. Pés planos (arco plantar mais baixo) e cavos (arco plantar mais alto) alteram a distribuição da carga sobre a fáscia plantar;
  2. Encurtamento do tendão de Aquiles ou musculatura posterior da perna. Uso de saltos altos promovem o encurtamento dessas estruturas. Este encurtamento leva à maior sobrecarga da fáscia e, consequentemente, às lesões;
  3. Encurtamento da musculatura intrínseca do pé;
  4. Diferença de comprimento entre os membros inferiores;
  5. Obesidade;
  6. Algumas atividades físicas que colocam o calcanhar em situações de impacto frequente, como ballet, ginástica e corrida;
  7. Tempo prolongado em pé ou caminhando;
  8. Calçados inadequados. Uso de calçados de sola fina, como as famosas rasteirinhas, ou de solas muito gastas, que oferecem pouco suporte;
  9. Alterações da marcha;

Levando em conta estes fatores de risco, algumas medidas podem ser tomadas para evitar o desenvolvimento da fascite plantar:

Manter sempre o peso dentro da faixa ideal;

Dar preferência ao uso de calçados que amortecem impacto e oferecem o suporte necessário para o arco do pé; 

Evitar o uso frequente, e por longos períodos, de saltos muito altos;

Sempre fazer alongamentos antes e após a prática de atividades físicas.

 

Como a fascite plantar é tratada?

A maior parte dos pacientes que possuem fascite plantar, respondem bem a tratamentos conservadores. Estes tratamentos podem incluir:

Alongamentos orientados por profissionais capacitados;

Fisioterapia, para alongar e fortalecer as diversas estruturas específicas da região, como o tendão de aquiles, os músculos posteriores da perna e a própria fáscia plantar;

Substituição dos calçados antigos por calçados adequados, que forneçam o amortecimento e suporte necessários, e que não promovam o encurtamento do tendão de aquiles e da musculatura da panturrilha; 

Uso de palmilhas ortopédicas, para promover a melhor distribuição do peso corporal sobre a fáscia plantar;

Uso de órteses, para manter a fáscia alongada durante a noite;

Uso de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos, para alívio das dores.

Em casos nos quais o paciente desenvolveu quadros crônicos e nos quais os tratamentos conservadores não funcionam, outras opções, como terapia por ondas de choque, infiltração com corticóide e, em última instância, cirurgia. No entanto, é preciso que o especialista avalie qual é a opção mais indicada para cada paciente.

Embora possua uma diversidade de tratamentos e seja, na grande maioria dos casos, resolvida através de ações mais conservadoras, a fascite plantar não deve ser ignorada, afinal, tem grande influência na qualidade de vida e pode se tornar um problema crônico. Além disso, as alterações na marcha, causadas pela dor, também podem levar a lesões no quadril, na coluna e nos joelhos. Por isso, se você tem sentido dores no calcanhar, não deixe de buscar um ortopedista, para que ele investigue as causas do problema!