Fraturas em crianças e adolescentes evoluem de forma diferente das fraturas em adultos. Os motivos são diversos e podem incluir as características anatômicas do osso nessa faixa etária, o potencial de crescimento dos mais novos, a correção espontânea de algumas deformidades e a resposta das partes moles às lesões.

Sabendo desses fatores, é importante se atentar aos cuidados necessários em casos de fraturas em crianças. Acompanhe este artigo e saiba mais. 

Características dos ossos: crianças x adultos

As diferenças dos ossos das crianças em relação aos dos adultos são importantes para determinar o tipo da lesão, o tratamento e o prognóstico em caso de fratura. 

No caso das crianças, os ossos apresentam mais elasticidade e porosidade; o periósteo – membrana de tecido conectivo que reveste exteriormente os ossos – é mais resistente e há a presença das cartilagens de crescimento. 

Além disso, como a criança está em crescimento, a capacidade de seu corpo de formar e desenvolver os ossos é superior à do adulto. Essas diferenças determinam algumas particularidades para as crianças:

Características vantajosas:

  • maior dificuldade para a ocorrência de fraturas;
  • grande proporção de fraturas incompletas, tipo “galho verde” ou subperiostal;
  • menor incidência de fraturas cominutivas (quebra do osso em mais de dois fragmentos);
  • capacidade de remodelação;
  • cicatrização ou calo ósseo mais veloz, em até menos da metade do tempo necessário a um adulto;
  • melhor e mais rápida recuperação após a fratura;
  • menor necessidade de cirurgia para reduzir e fixar as fraturas.

Características desvantajosas:

  • fraturas próximas à cartilagem de crescimento podem causar deformidades e déficit no crescimento;
  • uma deformidade ou sequela pode ter repercussão em toda formação educacional, profissional, social e psicológica da pessoa;
  • menor cooperação para recomendações como, por exemplo, não andar, não correr, ter cuidado etc;
  • dificuldade em aceitar o gesso ou imobilizações prolongadas.

Tipos de fraturas em crianças

A maioria das fraturas em crianças acontece após quedas no ambiente doméstico, afetando em maior proporção os membros superiores (clavícula, punho, antebraço e cotovelo).

Caso alguém tenha testemunhado o acidente é importante relatar ao médico o contexto que a criança caiu ou foi atingida; a situação que ela mais sente dor como, por exemplo, se grita ou chora durante a troca de fralda ou ao ter o braço pressionado.

 

Conheça alguns dos principais tipos de fraturas encontradas em crianças:

Fratura fechada: não há lesão da pele.

Fratura aberta ou exposta: existe na pele uma ferida que se comunica com a fratura. Pode ser de qualquer dimensão, inclusive se resumindo a um ponto.

Fratura patológica: ocorre em osso afetado por problemas prévios que o enfraqueceram (como doenças congênitas, infecções e lesões benignas ou malignas).

Fratura por estresse: ocorre em ossos submetidos a esforço contínuo. Devido à disseminação da prática esportiva intensa pelos jovens, sua incidência vem aumentando.

Fratura desviada: os fragmentos do osso se deslocam.

Fratura articular: há acometimento da articulação.

Descolamento epifisário: atinge a placa de crescimento.

Fratura em “galho verde”: o osso é “lascado” ou “trincado”, sendo que um lado dele permanece íntegro.

Fratura subperiostal: ocorre sob o periósteo, membrana resistente que envolve o osso.

 

Sintomas

A dor imediata é o sintoma mais importante da fratura, se acentuando com o movimento ou com a compressão da região afetada. Em consequência, a criança evita movimentar o membro fraturado, o que é chamado de impotência funcional. Caso ocorra o movimento ativo, isso não afasta a possibilidade de fratura.

Quando a fratura ocorre nos membros inferiores, a criança evita apoiá-los no chão ou manca. Em alguns casos, há deformidade aparente após o trauma. O inchaço é comum, mas nem sempre ocorre. Às vezes surgem hematomas (manchas violetas) na pele, que representam um sangramento interno, o que não é motivo para alarme.

Em certas situações, há uma movimentação anormal do osso no local da fratura, acompanhada de barulho ou sensação de raspar.

 

O que fazer

O primeiro passo é imobilizar o membro fraturado para reduzir a dor e o inchaço, além de evitar que a lesão aumente. Se houver ferimento, limpe com água corrente ou soro fisiológico e cubra com material limpo ou estéril. Caso haja sangramento abundante, faça uma compressão moderada na ferida para estancar o sangue e se dirija ao pronto atendimento mais próximo

 

Tratamentos

O tratamento, resultado e prognóstico de fratura em crianças estão relacionados a fatores como idade da vítima, gravidade, tipo e localização do trauma, treinamento do ortopedista e até características individuais da criança ferida.

As principais possibilidades terapêuticas são imobilização, redução (colocar a fratura no lugar), ou cirurgia.

Em caso de suspeita de fratura em crianças, não deixe de procurar um ortopedista o mais rápido possível. Sempre dê atenção às queixas das crianças vítimas de traumas, pois elas muitas vezes não conseguem se expressar adequadamente, e o problema pode se agravar.